Sunday, July 31, 2005


Livros de Arquitetura Posted by Picasa

Passeando pela Harvard Square

Todo mundo tem uma fraqueza. A minha e’ que eu nao sei entrar em livraria sem comprar livros. A mesma coisa com loja de chocolate, passo looonge da porta p/ evitar a tentacao. Coisa de quem cresceu em casa com biblioteca aborrotada de livros, acumulados desde a epoca que meu pai fez seu doutorado na Franca. Enfim, cheiro de livro e’ parte da minha infancia. A verdade e’ que essa epoca de tese agucou meu instinto por livros de arquitetura e agora eu virei oficialmente uma livro maniaca! Chego em casa com uma sacola, e meu marido ja comeca a rir so de ler o nome nelas…
Fui sexta com o pessoal do escritorio no almoco de despedida de uma estagiaria na Harvard Square e voltei com tres livros para mastigar depois… Essa area fica ao redor do campus da Universidade de Harvard, e eu tirei umas fotos por la para mostrar por aqui. E’ uma vizinhanca cheia de lojas, cafes, livrarias e restaurantes; um lugar gostoso de se andar pelas ruas (onde quem manda e’ o pedestre). No meu primeiro ano aqui, lembro que agia como uma matuta deslumbrada quando tive aulas de Ingles e depois Gerencia de Projetos (Project Management) na Harvard. Hoje eu curto a escala humana do local, a presenca de uma significante diversidade cultural, as bandas tocando nas ruas e os cafes e cervejarias por la. Coloquei ai umas fotos da Harvard Square e outra de alguns dos mais recentes livros que foram aderidos a minha futura biblioteca. Quem sabe um dia nao sera um filho(a) nosso(a) que estara brincando de escalar as prateleiras com medo de derrubar os livros… A heranca da aranha viva que eu era!
Acho que blog e’ um pouco isso, quem escreve renova uma experiencia quando conta. As imagens preenchem o que as palavras falham em reproduzir.


Um dos portoes de entrada da Harvard University


Harvard Square 2 Posted by Picasa



Harvard Square 1

Wednesday, July 27, 2005

VOGUE para relaxar...

Leve, leve… eis o sentimento do dia! Como dizia minha mae “nao ha mal que sempre dure ou bem que nunca se acabe”. Apos todo o estresse que antecede o dia de minha apresentacao, o alivio. Mais que isso, felicidade. Os comentarios das pessoas da banca ontem foram tao bons que sai da apresentacao catatonica. Pareceu irreal. Bom demais para ser verdade… Bate na madeira. Mais uma fase completa: Schematic Design done! Great!

As leituras de ontem sobre fenomenologia, teorias feministas de Elizabeth Wilson e pesquisas sobre medicina alternativa foram substituidas hoje pela revista Vogue na minha ida ao trabalho. Minha mente relaxa entre vestidos lindissimos, bolsas extravagantes e a vida de Jane Goodall (uma mulher extraordinaria). Beleza e essencia; a mulher em busca da perfeicao. Pode a mulher descansar de verdade?? E’ como se, na pausa que tenho nessa busca de constante aperfeicoamento profissional eu relembro de outras “exigencias” de ser mulher. E olhe que eu nem estou me extendendo aos cuidados com a casa, a reforma do banheiro a espera, etc. Muitas das exigencias de beleza para mim sao naturais, outras so com muita disciplina e outras nao-existentes. Por exemplo, na falta de tempo para atividades fisicas, minha preocupacao tem sido comer de maneira saudavel, dormir bem e meditar. Parece simples, mas nem sempre e'...

Fashion para mim e’ uma festa para os olhos. Para a Vogue, puro glamour. Cada pagina uma viagem ao mundo da fantasia. O mundo inacessivel para a maioria dos mortais (exceto os que vivem de festas e que sempre se vestem como se fossem enfrentar o tapete vermelho da noite do Oscar). Ok, eu confesso que adoro fashion; sem escravidao a marcas ou a cultura consumista da moda. Quando vejo as roupas nas fotos meu instinto nao e’ o de compra-las, mas entender o que esteve por tras do ato de criacao daquelas pecas… O que o designer teria em mente ao fazer a escolha de cores, tecidos, humor a ser transmitido ou imagem a ser criada? Quanto da roupa traz personalidade a quem a veste e quanto a pessoa transforma a impressao de uma roupa ao vesti-la?... Afinal, para cada corpo vestido uma expressao: seriedade, sensualidade, sobriedade, arrogancia, romanticismo… Quem veste quem nessa relacao simbiotica? Essa transferencia e’ que torna o ato de vestir-se interessante. E’ esse estilo de vida e atitude de comportamento que as imagens das revistas tentam vender. Tudo com muito glamour, claro, que no dia-a-dia a gente sabe que e’ a estoria e’ outra… O que vale e' a imaginacao.

Quem trabalha com design ve design em todo lugar. Nao tem como eu nao entrar em um café ou restaurante sem perceber a cor as paredes, os materiais ao meu redor, se o formato da cadeira e’ confortavel, que tipografia tem as letras do menu... Tudo e’ parte do ambiente vendido. Quem cria precisa entender o que esta pro tras do uso dos espacos e o que tipo de sentimentos e sensacoes a pessoa tera ali. E’ entender o que esta “do outro lado” dos acontecimentos. A vida cheia de detalhes que formam o conjunto. Quem visita um lugar nao imagina que tudo que existe ali foi pensado por alguem por um determinado motivo, com uma determinadada intencao. Da mesma forma, os detalhes que vejo nas paginas daquela revista falam algo, seja atraves da iluminacao na foto, do cabelo molhado da modelo, da presenca de cachorros ou bebes na foto… Tudo carrega um significado de linguagem, simbolo, leitura visual…

Eu comecei o dia leve e quero termina-lo assim tambem. Era para eu falar sobre arquitetura sustentavel, mas fica para proxima. Minha mente ainda esta mergulhada na profundeza de um azul no vestido esvoacante que vi…

Tuesday, July 19, 2005

Ausente ate dia 26 de julho...

Na vida, tudo e’ uma questao de prioridade. Estou trabalhando sem parar e sem dormir corretamente na apresentacao da proxima banca da minha tese- Schematic Design Review- proxima terca, dia 26 de julho. Infelizmente, estarei ausente do blog daqui para la. No fun at all. O negocio e’ serio; tambem tive que recusar ir a festinha de aniversario de uma grande amiga e o churrasco de aniversario de meu sogro proximo fim de semana… Fazer o que?!!...

Estive escrevendo um texto sobre arquitetura sustentavel, e pretendo publica-lo aqui apos eu ser liberada da minha apresentacao. Ate la entao! :)

Monday, July 11, 2005

Aqui e agora

Um sonho ruim me acorda. Para esquece-lo, banho e meditacao. Para o tempo, para a vida. Vao-se os pensamenos, fica o silencio. Quero so a certeza da vida nos meus pulmoes. Minha mente se esvazia para dar espaco a criatividade de novas ideias. O futuro quebrado em pedacos e so me importa o que acontecera nas proximas 16 horas. Deixa eu registrar tudo, nao convem apressar o aqui e agora. Deixa tudo fresco e pronto para me surpreender. Projeto o desejo de realizacao de um dia em alguns minutos pois tenho a vontade como alimento da alma. Quero poder fechar os olhos hoje a noite com a imagem de todas as ideias que coloquei no papel, a sensacao boa que o cansaco de uma mente produtiva traz.

Hoje quero ser o que meu projeto e’. Nao existe eu, existem paredes, luz, natureza, materia, espacos…
"The spirit of the start is the most marvelous moment at any time for anything. Because the start lies the seed for all things that must follow. A thing is unable to start unless it can contain all that ever can come from it. That is the characteristic of a beginning, otherwise it is no beginning- it is a false beginning"
Architect Louis Kahn

Saturday, July 02, 2005

Ego na Arquitetura?

Escrevi esse texto para o grupo de discussao sobre arquitetura que eu participo e achei interessante colocar aqui. O tema foi sobre a questao do ego na arquitetura.

Octavio e demais,

Tenho a impressao que ego e’ uma dessas palavras que pode ser usada com dupla interpretacao: uma negativa e uma positiva. Dizer que alguem tem um grande ego pode significar que a pessoa ultrapassou niveis saudaveis na interpretacao da palavra. Nesse caso, a super valorizacao do ego pode acarretar pontos negativos na personalidade:

-a pessoa se ve como superior as outras, o que acarreta tratar os outros com desprezo ou criar preconceitos de raca, condicao social, cor, religiao…;
-a pessoa confunde lideranca com abuso de autoridade, o que dificulta o trabalho em equipe e acentua a competicao;
-a pessoa nao consegue aceitar opinioes alheias pois esta muito ligada em seu proprio mundo e em ouvir seu proprio umbigo;
-a pessoa tenta impor sua forma de pensar sempre como “a” correta;
-a pessoa se torna menos altruista e mais egoista em relacao a tentar entender os sentimentos alheios ou ouvir opinioes alheias;
-o exagero da auto-promocao torna as pessoas esnobes e distantes em relacao as outras ao seu redor, etc.

Por outro lado, a valorizacao positiva do ego e’ essencial para a construcao do amor proprio. Tem uma expressao em ingles que “to feel good i
n your own skin”, isto e, sentir-se bem em sua propria pele. Sentir-se confortavel com nossa pessoa e’ essencial para acreditarmos que somos capazes de conquistar, investirmos em nos mesmos, podermos nos auto-motivar e cultivarmos o amor-proprio. E’ sabermos diferenciar quando recebemos criticas que nos levam a reflexao daquelas que almejam apenas nos atingir pessoalmente.

Enfim, esse papo esta muito de psicologo e eu nao sou psicologa. Voltemos a abordagem do tema ego na profissao arquitetura que e’ o que nos interessa. O ego do arquiteto pode ser interpretado como um conjunto de fatores culturais que formam o ser, e da mesma forma, a arquitetura refletira tais aspectos culturais. Contudo, acredito que mesmo dentro dessa reproducao de tradicoes construtivas, existem pontos em comum que interligam a producao arquitetonica em culturas diferentes. Arquitetos mundialmente famosos que demonstram entender aspectos da essencia arquitetonica conseguem projetar em diferentes partes do mundo e sao capazes de romper barreiras culturais. Mas o que significa essencia arquitetonica? Como criarmos um arquitetura em que ego do arquiteto esteja refletido (culturalmente) em suas obras e ao mesmo tempo demonstrar esse entendimento de uma essencia universial da producao arquitetonica? Venho perseguindo questoes como essa desde que cheguei aqui nos EUA…

A expressao final de uma obra e’ resultado de um processo de questionamentos e nao de ideias pre-concebidas do que a arquitetura deveria ser ou parecer. Tais momentos para questoes devem ocorrer antes do arquiteto projetar seu ego em determinada construcao. Dai o motivo que mencionei a necessidade do pano de fundo filosofico por tras de nossas decisoes… Por exemplo, o que e’ uma biblioteca? Como arquitetura pode interpretar a busca por conhecimento? Em que ordem os assuntos serao revelados quando uma pessoa navegar atraves dos espacos? Existe uma heirarquia na organizacao do conhecimento? Como criar a sensacao de introspeccao e silencio em espacos publicos? Qual e’ a relacao entre a luz e o livro? Como sabemos, se a iluminacao e’ direta, o livro sofrera danos; se forem separados dificulta a leitura. Como o uso de computadores tem transformado a ideia de uma biblioteca? Porque nao fazer o livro vir ate mim ao inves de eu ir atras do livro como uma biblioteca na Franca? Enfim, por isso que falei anteriormente que “sem levantarmos as questoes apropriadas nao saberemos a que estamos respondendo a nao ser a nosso ego...” Uma vez que o arquiteto tenha em mente quais as questoes que ele vai se dedicar a responder atraves de sua arquitetura, mesmo ainda focado em suas reflexoes pessoais, ele sabera olhar projetos de outros arquitetos em todo o mundo e compreender o que procura atraves de tais imagens. Nessa busca por conceitos e significados o arquiteto mergulha direto em seu ego atras de respostas pessoais a questoes universais. Um interpretacao positiva da palavra ego.

Confesso que no meu comeco nao era bem assim e conto uma estoria pessoal para ilustrar. Lembro que nos primeiros anos de faculdade eu olhava a obra de arquitetos famosos e ficava imaginando que “cara” teria a arquitetura Luciana Braga… Assim, como se arquitetura tivesse uma marca ou fosse mero espelho do gosto imposto do arquiteto. Eu nao via a hora de definir meu estilo proprio, me descobrir atraves da arquitetura. Hoje nao so percebo a inocencia de minhas palavras, como percebo que e’ reflexo de aspectos do sistema educacional que me encontrava, onde nao existiam debates entre os alunos em sala de aula e os projetos tinham apenas que “agradar” o professor. Essa falta de interacao com os outros faz com que o aluno se restrinja no seu mundo e nao desenvolva uma capacidade de interpretacao critica da arquitetura, o que aumenta a tendencia do futuro arquiteto se sentir inconfortavel com criticas ou recebe-las como se fossem pessoais (um ataque ao ego)...

Hoje tambem percebo que por mais que eu cresca intelectual e profissionalmente, o caminho a percorrer se torna cada vez maior… (como dizia Socrates, “tudo que sei e’ que nada sei”). Comeco meu processo criativo indo a origem do problema (a busca de conceitos para dar respostas aos meus questionamentos), ali onde tudo ainda e’ indefinido e nao tem “cara” ainda. Acredito que o arquiteto que se acomoda em apenas uma forma de pensar ou projetar (porque seu ego foi inflado atraves de outras pessoas), corre um grande risco de parar de evoluir. Ao mesmo tempo, tal comportamento ajuda a criar essa ideia de arquitetura com “marca” que as colunas sociais gostam de promover…

Mesmo quando a producao arquitetonica passa a ser um reflexo de quem a pessoa-arquiteto e’, ela ainda nao escapa de ter que atender tantas questoes relativas ao dominio publico e privado. A super-valorizacao do ego pode fazer com que o arquiteto coloque interesses pessoais acima daqueles do cliente, do usuario, do publico e do meio-ambiente. O arquiteto precisa das qualidades de um lider para saber ouvir todas as partes e acomodar tantas necessidade diferentes da melhor forma, mesmo que a decisao final de tudo esteja em suas maos.

E’ dentro do espirito democratico que todos os egos serao ouvidos.

Luciana Braga Triplett.