Saturday, April 30, 2005


A casa cenario do jantar Posted by Hello

Sala da casa de Mario


Sala Posted by Hello


Quadros de Mario Posted by Hello

Jantar com Molho de Perfeicao

Sobre ontem a noite:
Gostei da primeira impressao de cara. Nada como visitar a casa de arquitetos moradores de suas obras. E’ como conhecer o arquiteto da forma mais intima possivel… Na profissao temos sempre o cliente para agradar e guiar nossas ideias. Ja o arquiteto como cliente tem todo poder sobre sua obra. Doce ilusao de quem sonha com um mundo perfeito. Em Cambridge, assim como em toda New England, o arquiteto-cliente tem outros "viloes": codigo de obras, zoneamento da cidade e ainda a comunidade da regiao. Isso, ate as pessoas que vao ser seus vizinhos podem dar pitaco em seu projeto, caso ele fuja das caracteristicas locais de construcoes. E assim que as pessoas continuam construindo como a 50 anos atras e quem visita pensa que e’ tudo arquitetura “bem conservada”. Enfim, ja gastei muita saliva discutindo esse assunto... O lado bom e’ que realmente evitam-se os maus exemplos de arquitetura (e’ mais “seguro” perpertuar o que e’ conhecido), e inevitavelmente assegura-se uma caracteristica local peculiar. Entao a casa de Mario e’ um exemplo do mais-moderno-possivel da vizinhanca dele; a original coberta plana teve que virar o tradicional “v” invertido.

Mario e' nascido em Cuba mas naturalizado americano, casado com uma francesa e alem de arquiteto e’ um excelente pintor. Uma pessoa incomum. Temos sorte de te-lo por perto. O jantar foi uma forma dele agradecer meu marido assim como o resto do grupo que trabalhou na competicao internacional para uma biblioteca no Mexico. Eramos dez ao todo; os cinco e os agregados. E que jantar! Me lembrou a epoca que minha mae oferecia jantares impecaveis para os franceses que vinham nos visitar. Nosso paladar foi agradado em quatro etapas, sempre com intervalos para mais vinho e conversa boa. E o vinho afrouxando os sorrisos... Ate politica conseguiu ser falada sem o ar serio que evoca, num ar deliciosamente critico e debochante, sem um republicano sequer para defender seu lado. Tipico de Cambridge. E o blablabla das bocas durou por horas e horas tendo como background a magica mistura da arquitetura dos espacos internos e muita arte. Que importa se a casa tende a uma arquitetura mais tradicional? As ideias que passam por ali estao longe disso...
Deu pena abandonar a noite agradavel que passamos ali.

Friday, April 29, 2005


Jenny Holzer Posted by Hello

Wednesday, April 27, 2005

Fora do Ar

Ok, confesso: o que fiz sexta a noite nao tem nada de segredo. Fomos assistir o filme “The Interpreter”, com Sean Penn and Nicole Kidman e dirigido por Sydney Pollack. Obedecemos uma regra que estabelecemos em nosso casamento: sexta a noite nao e’ permitido estudo, internet ou desempenharmos tarefas domesticas. E’ nossa noite para estarmos juntos, sem lembrarmos de obrigacoes e responsabilidades. O menu de vocabulario para noite inclui palavras do tipo “filme”, “restaurante”, “amigos”, “romance”, “relax” e “Bill Maher” (meu show preferido sobre politica as 11:00 da noite). Recentemente, aderi um significado a mais para noites de sexta. Desde que deixei de trabalhar as segundas, sexta a noite passou a ser meu “threshold”, palavra que arquitetos aqui utilizam para metaforicamente representar um espaco entre a passagem de um estado/lugar para outro. No Brasil e’ soleira mesmo.

Passado um longo semestre de aulas e dedicacao a escrever a proposta da tese, sao 38 semanas para desenvolver o projeto. Na decima semana resolvi me disciplinar e criei um horario de estudo detalhado para cada dia da semana; estou na decima quarta semana agora. No sabado, separei algumas horas da manha para ligar para as amigas, fazer laundry e cuidar da beleza (tb sou filha de Deus). Nao dessa vez. Do café fui direto para o computador. No telephone, no tv and no messenger whatsoever! Como viajei e nao pude encontrar minha orientadora segunda passada, senti a obrigacao de produzir o dobro para nosso proximo encontro.

Mergulhei no trabalho tres dias consecutivos. Num momento de fotografia mental, analisei a bagunca a meu redor. Minhas duas mesas de desenho e outra do computador organizadas em forma de “U” cobertas de desenhos, livros, revistas e papeis que nao sabia mais onde botar. No computador, paginas e paginas de web sites de pesquisa abertas, desenhos de AutoCAD e paineis de apresentacao no QuarkXpress. Vaguei entre leituras e projetos de Diller + Scoffidio, Carlos Scarpa, Peter Zumthor e Herzog and de Meuron. Faz parte do meu ritual tentar encarnar o espirito dos mestres antes de eu comecar meu processo de criacao. Criei tres conceitos para desenvolver o programa no meu terreno. Um utilizando o xadrez para criar uma anologia de um jogo mental empregado numa experiencia sensual, outro iniciado atraves de uma pintura que fiz demonstrando como atos intuitivos evoluem para uma analise racionalizada e, finalmente um que busca a harmonia do equilibrio de tres elementos: agua, vegetacao e o ambiente construido. Esse e’ um resumo da pagina que escrevi para cada proposta explicando como estas estao ligadas ao conceito de minha tese. Nao culpo quem entenda bulhufas, um dia eu exponho minha tese aqui e ai tudo vai ser esclarecido. Agora era partir para desenvolver as maquetes. Invadi a mesa do meu marido. Ele estaria fora o dia todo trabalhando numa competicao internacional para uma biblioteca com outros amigos arquitetos; eu excluida por minha absoluta falta de tempo. As 4:00 da tarde na segunda, ja de saida para encontrar minha orientadora, olhei o escritorio e tive vontade de chorar. Que zona!

Terca a noite minha turma se reuniu para apresentar e discutir nossos projetos com engenheiros eletricos, mecanicos e estruturais na aula de IBS (Integrative Building System). Serao 4 desses encontros no semestre. Tirei leite de pedra. Tive que improvisar e isso me deixa nervosa. Parece que tudo que tenho aprendido nas minhas aulas de Apresentacao Oral vai por agua abaixo nessas horas. Respirei fundo. No final, o alivio. Deu tudo certo. Terminei a discussao com mais perguntas que respostas. Para variar, ninguem me da respostas de nada, so fazem levantar mais questoes referentes a minhas propostas. As interrogacoes se multiplicaram na minha cabeca. Cheguei em casa as 11:15 da noite e exausta.

Hoje acordei com o peso na consciencia por ter me ausentado do mundo, como se devesse uma explicacao as pessoas. Que nada. Estive fora do ar e ninguem percebeu...

Sunday, April 24, 2005


Times Square Posted by Hello


Guggenheim Museum 2
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Guggenheim Museum 1
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Central Park Posted by Hello


W Hotel Times Square Posted by Hello


MoMA New York Posted by Hello


American Folk Art Museum Posted by Hello

Friday, April 22, 2005

Texto em Pedacos

Meu chefe totalmente alheio ao fato de que eu terminei as especificacoes do projeto ontem. Hoje, foi para uma reuniao. Minha mesa vazia. Usei o tempo a meu favor. Escrevi o convite que mandaria para minha lista de contatos contando a novidade desse blog. Hesitei. Tomei meu café. Enviei. Agora e’ oficial. “Blogo”, entao existo… na net. Ops, minha descricao do blog ultrapassou o limite de 500 caracteres. Hum. Servico mal feito esse meu. Imaginei um quebra-cabeca faltando pecas, um sorriso banguela e uma mulher sem bolsa (ficou presa na porta do metro). Suspiro. O texto em pedacos. Joguei-os aqui.

Ca estou. Finalmente aceitei as diferencas impostas pela epoca em que vivemos: me entreguei a Era Blog. Antes, cartas passaram a ser e-mails e agora telefonemas tambem estao sendo substituidos por mensagens instantaneas via celulares ou internet. O mundo anda ocupado(*)(*)(*). E assim vivemos deixando recados em secretarias eletronicas, enviando e-mails ou fotos que resumem tudo que se contaria sobre a ultima viagem. E tem os educados blogs; estes sao para contar estorias respeitando o tempo e a disponiblidade que os outros teriam para “escuta-las”... A comunicacao virtual atinge todos os ambitos de minha vida: trabalho, curso e relacoes pessoais. E’ inquestionavel. A diferenca e’ que no blog a comunicacao e’ mais “vertical” que “horizontal”. Uma resultando a outra. Quanto mais consigo uma connecao comigo mesma, mais quem esta do outro lado e’ capaz de compartilhar dos meus sentimentos. Nao, nao necessito resposta. Sem estresse… So quero poder diminuir o ritmo de minha vida vez ou outra, refletir sobre acontecimentos, desabafar ideias, almejar o intangivel… Tambem peco licensa para falar bobeiras de vez em quando. Vivo entre dois estados de eterna flutuacao no ser humano: um de se levar muito a serio, outro de poder rir de si proprio. Eu no equilibrio dos polos.
Oba, hoje e’ sexta! A imaginacao do que a noite pode vir a ser e' ainda uma tela em branco... Deixa assim. Segredo.

Wednesday, April 20, 2005

Grandezas Inversamente Proporcionais

A unica parte ruim de viajar e’ a volta a rotina. Beijo, beijo, beijo. Meu marido sabe a tortura que e’ para eu levantar apos uma noite de menos de 6 hrs de sono. Ao inves de me dar o costumeiro beijo de bom dia, me acorda com um montao deles (“rise and shine my love!”). Ele sempre tenta melhorar meu humor matinal. Apos tres dias intensos curtindo a Big Apple nao tive intervalo entre o que foi e o que volta a ser para recuperar o sono perdido. Fui lancada de volta a rotina sem estar fisica e mentalmente preparada. Resultado: o estresse aumenta por todas as coisas que eram para ter sido feitas durante os dias que estive ausente e que se acumularam para semana. O corpo implora por descanso. Sem energia, me levanto e comeco a agir em marcha lenta. Atos de zumbi; o corpo se movimenta mecanicamente e meio sem vida. Enquanto isso, a cabeca revisa todas as atividades que me aguardam para o dia. Encontro com minha cliente a noite. Preparar a apresentacao do conceito de minha tese para amanha para os dois arquitetos que faltaram minha primeira banca. Desfazer malas, telefonar para meus pais, ir ao supermercado (droga, meu cereal da manha acabou), marcar encontro com orientadora, comprar material p/ maquete, terminar projeto p/ entregar no trabalho, responder e-mails, pagar cartoes de credito, etc. The list goes on and on and on. Viajar, so’ para quando estamos dispostos a “pagar” pelas consequencias. Como terapia, durante o trabalho, de vez em quando dou uma espiada nas fotos da viagem. Ai tudo se justifica. Quanto mais intensa as lembrancas boas dos momentos ali (= energia gerada durante a quebra da rotina), menos sinto o aqui (= energia para o aqui e agora do dia-a-dia). A teoria das grandezas inversamente proporcionais da matematica se aplicando a vida.

Friday, April 15, 2005

TIME Magazine

Dia bonito. No metro, lendo a reportagem da revista TIME sobre as 100 pessoas mais influentes do mundo, tive a lembranca de um episodio... Quando meus pais vieram me visitar, eu os levei para conhecer o restaurante que trabalhei no meu primeiro ano aqui. Acabei encontrando meu antigo gerente que nos recebeu calarosamente e me elogiou bastante a meus pais. Ele foi alem, chegou a me abracar e dizer que um dia eu estarei na capa da TIME magazine. Aquelas palavras ficaram guardadas em mim… Nem tanto pela especificidade do comentario, mas pelo significado que subentendia. Coisa de quem acredita na gente. Dentro de mim, nem sei que grau de seriedade aquilo significou p/ ele, mas quando ele piscou o olho e saiu, tudo fez sentido…

Foi John, o gerente, quem mais acompanhou meu desenvolvimento ali dentro: de menina timida trabalhando de hostess, com um ingles que mal dava p/ decifrar telefonemas, a garconete encarregada de treinar os recem empregados. Tudo aconteceu rapido, mas no meu relogio interno pareceu uma eternidade. Me achava capaz p/ muito mais e culpava a lingua por ter me imposto tantas barreiras… Uma revolta produtiva e que fez eu me dedicar a melhorar meu ingles com ansia. Chegava a passar os meus dias “off” inteirinhos na biblioteca da Harvard… Nossa, comunicacao e’ tudo nessa vida. Minha auto-confianca aumentava a medida que meu ingles melhorava. O interessante era como John, apesar das circunstancias, me via como arquiteta tb; lembro que ate chegou a me pedir dicas p/ reforma do restaurante. Assim como eu, ele entendia que aquele emprego era passageiro p/ mim. A forma de juntar grana p/ o mestrado. Nem por isso eu deixava de dar meu melhor. Ele gostava quando os clientes pediam pela “waitress who is always smiling”. Uma vez o cliente chegou a me perguntar o porque eu sempre estava de bom humor. Achei tudo aquilo muito curioso. Sorrindo a gente se convence que e’ feliz. Agradeco nessas horas ao meu sangue brasileiro. O bom e’ que sorrisos geravam “tips” maiores. Mas no fundo eu nao estava feliz fazendo aquilo; so quando me conscientizava que era temporario e’ que dava p/ levar… Assim como John percebeu, dentro de mim eu estava mesmo era sonhando com a capa da TIME…

Ja faz uns 5 anos desse episodio. Muita coisa aconteceu desde entao. Muitos sonhos se tornaram realidade, outros eu ainda estou na batalha. Nunca vi um arquiteto na capa da TIME. Usei o exemplo no sentido metaforico… Contudo, nao escondo o prazer de ter visto Santiago Calatrava na lista dos 100 mais… As vezes e’ preciso listas assim p/ nos relembrar tantas formas diferentes nos temos de contribuir p/ humanidade… E sonhar alto! Sempre. Sonhos que nos fazem fugir da realidade e construi-la ao mesmo tempo.

Wednesday, April 13, 2005

O Comeco

Um dia normal. No trem 80% das pessoas leem, 15% escutam seu iPods e 5% brincam de mumia. Nao fosse essa vontade de escrever me incomodando eu nao estaria aqui. Coisa antiga minha. Todo aquele habito da adolescencia, de me entregar a paginas e paginas de confissoes pessoais que Deus-que-me-livre alguem visse, agora me vem a tona... Esperado? De forma alguma. De qualquer maneira, uma vontade que sempre esteve ali, impregnada ao meu ser, incomodando. Ainda estou me perguntando o que faco aqui. Me pergunto de onde vem esse desejo de me confrontar. E outra... Sera que perdi o medo de expor meus segredos porque “cresci”?! Talvez nao, mas isso aqui ta com um ar muito pessoal, meio de confissionario tb... Socorro, sera que isso e' normal?! Afinal, se procuro mais uma conversa intima comigo mesma, nao ha como me esconder de mim mesma. Mas tb nao preciso. Me busco, sempre. Faz de conta entao que nao tem ninguem do outro lado. Eu, totalmente livre. Preciso descobrir a todo custo se isso aqui e' um desejo passageiro ou veio p/ ficar. Afinal, nao sou escritora, sou arquiteta. Digo isso e minha mente me reprime: "apenas deixe a criatividade lhe dominar". Sim senhora!

E' isso. O comeco de um monologo sincero. Tomara que eu tenha vindo p/ ficar.