Friday, April 15, 2005

TIME Magazine

Dia bonito. No metro, lendo a reportagem da revista TIME sobre as 100 pessoas mais influentes do mundo, tive a lembranca de um episodio... Quando meus pais vieram me visitar, eu os levei para conhecer o restaurante que trabalhei no meu primeiro ano aqui. Acabei encontrando meu antigo gerente que nos recebeu calarosamente e me elogiou bastante a meus pais. Ele foi alem, chegou a me abracar e dizer que um dia eu estarei na capa da TIME magazine. Aquelas palavras ficaram guardadas em mim… Nem tanto pela especificidade do comentario, mas pelo significado que subentendia. Coisa de quem acredita na gente. Dentro de mim, nem sei que grau de seriedade aquilo significou p/ ele, mas quando ele piscou o olho e saiu, tudo fez sentido…

Foi John, o gerente, quem mais acompanhou meu desenvolvimento ali dentro: de menina timida trabalhando de hostess, com um ingles que mal dava p/ decifrar telefonemas, a garconete encarregada de treinar os recem empregados. Tudo aconteceu rapido, mas no meu relogio interno pareceu uma eternidade. Me achava capaz p/ muito mais e culpava a lingua por ter me imposto tantas barreiras… Uma revolta produtiva e que fez eu me dedicar a melhorar meu ingles com ansia. Chegava a passar os meus dias “off” inteirinhos na biblioteca da Harvard… Nossa, comunicacao e’ tudo nessa vida. Minha auto-confianca aumentava a medida que meu ingles melhorava. O interessante era como John, apesar das circunstancias, me via como arquiteta tb; lembro que ate chegou a me pedir dicas p/ reforma do restaurante. Assim como eu, ele entendia que aquele emprego era passageiro p/ mim. A forma de juntar grana p/ o mestrado. Nem por isso eu deixava de dar meu melhor. Ele gostava quando os clientes pediam pela “waitress who is always smiling”. Uma vez o cliente chegou a me perguntar o porque eu sempre estava de bom humor. Achei tudo aquilo muito curioso. Sorrindo a gente se convence que e’ feliz. Agradeco nessas horas ao meu sangue brasileiro. O bom e’ que sorrisos geravam “tips” maiores. Mas no fundo eu nao estava feliz fazendo aquilo; so quando me conscientizava que era temporario e’ que dava p/ levar… Assim como John percebeu, dentro de mim eu estava mesmo era sonhando com a capa da TIME…

Ja faz uns 5 anos desse episodio. Muita coisa aconteceu desde entao. Muitos sonhos se tornaram realidade, outros eu ainda estou na batalha. Nunca vi um arquiteto na capa da TIME. Usei o exemplo no sentido metaforico… Contudo, nao escondo o prazer de ter visto Santiago Calatrava na lista dos 100 mais… As vezes e’ preciso listas assim p/ nos relembrar tantas formas diferentes nos temos de contribuir p/ humanidade… E sonhar alto! Sempre. Sonhos que nos fazem fugir da realidade e construi-la ao mesmo tempo.

4 Comments:

At April 22, 2005 4:57 PM, Anonymous Anonymous said...

É isso aí, Lu!
Parabéns pelo blog, seus textos já estavam merecendo mesmo um abrigo para a coletânea!
OPscar Müller

 
At April 24, 2005 4:49 PM, Blogger Lu Braga Triplett said...

Obrigada, Oscar! Se o blog la do nosso grupo nao sair vou acabar abrigando nossos debates sobre arquitetura aqui!:):) Bjs!

 
At April 26, 2005 3:32 PM, Anonymous Anonymous said...

Olá. Conheço você um pouco do grupo de arquitetura e agora um pouco mais por causa do seu blog.
Espero vê-la na TIME. Será um orgulho ver lá uma arquiteta brasileira.
Beijo
Kleber Alvarenga
arki

 
At April 26, 2005 4:42 PM, Blogger Lu Braga Triplett said...

Pois e' Kleber, agora voce pode ver que eu nao falo apenas sobre arquitetura! eheheh Quanto a capa da revista, meus sonhos so vao acabar com minha morte, ate la... E' na jornada que tudo acontece. E' tao importante acharmos que somos capazes de alcancar algo quanto o fato concretizado em si. Obrigada pela visita!:)

 

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