Tuesday, February 28, 2006

Incoerencia?

Eu nao sou escritora, reporter ou poeta. Da minha vida, nao sei o que pode interessar aos outros. Nao tenho paciencia para “diarios”, nem meus, nem dos outros. Leio, mas nao escrevo sobre celebridades, esportes, cinema ou musica. Geralmente falho quando tento expressar momentos intensos, dos extremos alegres aos tristes: faltam palavras fieis ou falta tempo para faze-lo. Fica quase tudo nao dito: viagens, fins de semanas diferentes, momentos de conquistas, problemas pessoais, enfim, a vida que acontece quando nao estou por aqui. Apesar de tudo isso, eu tenho um blog. Incoerencia?

A verdade e’ que gosto mais de ler que escrever. Se pudesse so’ leria sobre arquitetura e seria feliz. Mas nao da para limitar a vida. Adicionando filosofia, literatura e politica, meu mundo esta completo. Com a paixao, vem o respeito: deixo os mais sabios e mestres escreverem sobre esses assuntos. So que as ideias que “entram” na leitura ficam corroendo por dentro ate que um dia querem sair de alguma forma… Natural. Vem a necessidade de fazer contato, discutir ideias, aprender com os outros, descobrir outros mundos, conhecer opinioes diferentes, isto e’, vem a vontade de blogar…

Com o blog, os desafios. Tenho mais rascunhos de ideias para posts do que posts publicados no blog. Passo mais tempo visitando outros blogs que escrevendo no meu ou respondendo comentarios. Nao consigo ter tempo suficiente para companhar todos os blogs que gosto ou retribuir todas as visitas. Nao consigo “achar” tempo para transformar meus rascunhos em posts. Fica entao tudo assim, um monte de boas intencoes nao colocadas na pratica, igual a trabalho mau feito.

A inspiracao de escrever me vem em momentos inusitados de reflexao e contemplacao, o que pode me dar um “ar” depressivo. Nao e’ o caso. Escrevo tentado decifrar um mundo desconhecido que habita em mim. Escrevo para exorcizar pensamentos. O blog sao como buracos na redoma da minha alma para deixar outros expiarem. Mas cada hora que passo escrevendo para o blog, sinto-me culpada por nao estar lendo, aprendendo ou praticando arquitetura. Sem arquitetura, desconheco quem sou. Conclusao: a ideia do blog que seria para ajudar a me conhecer melhor esta fazendo com que eu me afaste de mim…

As vezes eu REALMENTE me questiono o que eu estou fazendo aqui… Como um habito tao bom pode ser tao nocivo ao mesmo tempo?

Monday, February 27, 2006

Quem lembra desse desenho animado?











O diabinho de Pluto: o lado mau da consciencia de Pluto (pena que nao achei uma foto para o anjinho...). A foto e' para o post abaixo.

Saturday, February 25, 2006

Essas "vozes" tem sempre razao...

Assistindo uma entrevista na televisao, durante as Olimpiadas, com um patinador do gelo, ele mencionou que, assistindo sua performance novamente, ele seria capaz de identificar exatamente o que passava em sua mente a cada momento: “ali eu estava me preparando para o salto triplo e dizia a mim mesmo “eu nao vou errar, eu nao vou errar!”, ja nesse outro pulo eu me repetia “so’ mais esse, so’ mais esse!”. Achei graca com a entrevista porque me identifiquei com essa vozinha que de vez em quando vem me da o empurrao quando eu preciso. O meu dia e’ cheio dessas “vozes” na minha cabeca:

  • Momento de acordar: “Vamos, vamos, vc consegue! Nao, nao desligue o despertador de novo! Abra os olhos, ligue o noticiario para ajudar a desperta-la! Levanta, menina!!”
  • Momento de tentacao: “Ok, Lu, esqueca o chocolate! Tem umas frutas oootimas na geladeira!"
  • Momento de malhacao: “Vamos la! So mais uns 10 abdominais! Ok, agora so 5, 4…”
  • Momento frustacao no trabalho: “O que uma pessoa sabia faria em um momento desse?… Entao?! Deixa para la, nao vale a pena se chatear! Ja ja vc esquece”
  • Momento corre-corre do dia-a-dia: “Uma coisa de cada vez! Nao adianta querer abracar o mundo com as pernas. Defina suas prioridades! Resolve por ordem de importancia! Nao adianta se estressar!”
  • Momento de culpa: “Sua amiga VAI entender se vc nao puder ligar hoje, o mundo NAO vai acabar! Seu blog PODE esperar; primeiro vem o marido, a familia, depois as responsabilidades, etc”
  • Momento de culpa 2: “Seu livro da tese esta esperando para ser terminado, viu?! Nao inventa festa de aniversario esse fim de semana nao! Aniversario tem todo ano! Ja a tese…”
  • Momento antes de dormir: “Desliga essa televisao que amanha vc vai ficar cansada no trabalho!”

Pois e’, essa “voz” constante da consciencia e’ minha companheira diaria, minha treinadora para as mais diversas tarefas e desafios, levantando meu moral, instigando minha forca de vontade. Lembrando de um desenho animado do Pluto da epoca de minha infancia, onde de um lado do ombro ele tinha um anjinho e no outro um diabinho querendo convence-lo em suas acoes para o bem ou para o mal, a tal “voz” seria o anjinho. Cada dia, varias batalhas; umas grandes, outras pequenas. Confesso que nem sempre o anjinho ganha… As vezes a tentacao de uma sobremesa diabinha vence a dieta ou um programa de televisao ganha da vontade de ler a ultima revista Time... Acho que se eu fosse sempre certinha demais eu ia acabar enjoando de mim mesma (hehehehe). No mais, a verdade e’ que, sem essas vozes do bem, as vezes sussurando e as vezes gritando coisas no meu ouvido, eu estaria perdida!

Existe no intimo de cada um uma “voz” que esta sempre certa, nos so precisamos nos esforcar para ouvi-la!

Wednesday, February 15, 2006

Surpresa...


Meu presente de aniversario/ dia dos namorados

Depois de um jantar maravilhoso de dia dos namorados/ aniversario com meu marido, essas flores, um cartao e o meu presente (embrulhado por ele) estavam me esperando em casa… Fiquei toda boba! A embalagem maiorzinha escondia um iPod. Finalmente vou entrar no mundo da tecnologia dos iPods. Todas as dicas serao muito bem vindas!:)

Tuesday, February 14, 2006

Let's talk about LOVE...

Impossivel ser original ao falar de amor. Todas as musicas, poesias, cartas e cartoes ja tentaram reproduzir o que e’ esse sentimento entre pessoas. Tudo ja foi dito! Entao so me resta o plagio: sei que alguem, em algum momento da historia e em algum lugar do mundo ja deve ter dito isso que vou dizer. Alas! De uma forma ou de outra, cada um se apropria da palavra amor como bem entende….

Definir a palavra amor sugere uma ideia finalizada, como se fosse imutavel. Afinal, as palavras definidas no dicionario nao mudam de significado, verdade? Ahhh, e’ a interpretacao da palavra que a torna particular, e dessa forma, de significado variante. Mas como assim? Nao e’ um sentimento universal? Sim, mas a forma como eu amo nao e’a mesma que outras pessoas amam ou mesmo que eu ja amei. A vida reescreve minhas experiencias com o amor. O ser amado tambem muda a compreensao da palavra. Um dia um casal faz amor e um diz ao outro: “eu amo voce”. E’ o amor Eros tomando conta. Outro dia, durante uma pausa de uma caminhada em contato com a Natureza, o desabafo diante da percepcao de tamanha ordem ao redor: “Deus, eu o amo”. E’ o amor Agape se revelando. Em outra ocasiao, ao segurar a mao ja marcada pelo tempo de nosso pai ou mae, percebemos o que e’ amor eterno. Ha tambem o momento de se olhar no espelho e sentir um contentamento inexplicavel no que somos ou nos tornamos. E’ o amor-proprio que da essa tranquilidade. Sao muitas as diferentes formas e mutacoes da palavra amor, onde quer que ele paire.

A palavra amor tambem e’ elastica: tem a flexibilidade de ser esticada para caber quem bem entendemos e na duracao de tempo que seja: do transitorio ao eterno. A opcao e’ minha, o amor nao esta no outro, esta em mim. O outro e’ apenas capaz de aflorar uma capacidade que eu ja tenho, alias, que todo mundo tem. O amor e’ intrinseco, mas sao os outros que me ensinam o que e’ amar em todas as diferentes formas de amor. Eu, na minha forma menos egoista. “Amar e’ se dar sem perceber”…

Alguns amam porque veem no outro a “alma gemea” e isso da a sensacao de uma serena compatibilidade. Ja outros, amam porque veem no outro pedacos de si mesmos que faltam, e encontram completude. Alem dessa mistura de explicacoes, para mim o amor em sua extensao maior, e’ inseparavel de outros sentimentos e virtudes que o torna mais forte: respeito, amizade, compaixao, tolerancia, etc, etc. Ja o amor Eros adiciona uma outra dimensao a esse conjunto de sentimentos que acompanham o amor. O resultado e’ o no garganta e a falta de palavras quanto tento me explicar.

O amor e’ um verbo em ativa: ele da cor a vida, sentido aos relacionamentos, pureza ao coracao, grandeza a alma… O amor e’.

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PS1: Essas coisas me vieram a cabeca durante minha tentativa de escrever um cartao de dia dos namorados.
PS: Ainda nao tive tempo de responder o post passado, mas, por hoje ser meu aniversario, so quis encher isso aqui de ideias positivas.
PS3: HAPPY VALENTINE’S DAY!!!


Wednesday, February 08, 2006

Curriculum "Escondido"

Ser boa professional nao depende apenas de um diploma e experiencia de trabalho. Existem requisitos que nao sao mostrados no curriculum vitae, mas importam tanto quanto o conhecimento que a pessoa possui. Na lista escondida eu incluiria a capacidade da pessoa de lidar com suas proprias emocoes e de se relacionar socialmente.

Uma arquiteta com quem trabalho, K (para nao revelar o nome), e’ uma maquina: e’ sempre a primeira a chegar no escritorio e a ultima a sair, almoca a frente do computador todos os dias, responde e-mails ao mesmo tempo que passa um fax, atende ao telefone ao primeiro toque e nunca deixa de digitar a ata da ultima reuniao. Fico estressada so’ de ve-la trabalhar. Penso comigo: uma pessoa dessa nao deve ter vida alem do trabalho... Nao tem filhos e nunca recebe ligacao de amigos. Nao lembro nunca dela ter tirado mais de 4 dias de ferias (geralmente por causa de um feriadao). Mesmo quando ela se ausenta, liga varias vezes para o escritorio para saber se esta tudo bem. Meu chefe e’ do mesmo jeito, entao e’ entendivel porque K ganhou o titulo de vice-presidente depois de trabalharem juntos ha 18 anos.

K, por outro lado, e’ uma pessoa cheia de indiossincracias que as vezes sao dificeis de se lidar. Diz amem para tudo que meu chefe fala, o que demonstra inseguranca em suas opinioes proprias. Quando ela discorda de meu chefe, eu quem fica sabendo, nao ele. Tem problemas de delegar tarefas. Nunca reconhece um erro; sempre a culpa e’ de alguem ou ela nao sabe como aquilo aconteceu. Ate ai, nada disso afetava meu relacionamento professional com ela. Gosto de conversar com ela sobre amenidades e politica: nos duas somos democratas. Contudo, tenho notado uma diferenca em sua atitude desde que voltei de viagem…

Ano passado, minha prioridade foi terminar meu mestrado e por isso evitei ao maximo qualquer responsabilidade maior dentro do escritorio. Isto e’, queria a liberdade de faltar o trabalho algum dia (geralmente por causa de estudo e apresentacoes para banca), sem achar que colocaria um projeto em risco ou deixaria um cliente irado. Esse ano minha atitude no escritorio mudou radicalmente. Tratei de chamar meu chefe para conversar e explicar que de agora em diante meu foco vai ser o trabalho. Quis demonstrar meu desejo de ser mais ativa e ter mais responsabilidade tanto na parte de design como administrativa dos projetos. A reacao diante do meu chefe nao poderia ter sido mais favoravel, ja a de K…

Ando sofrendo as consequencias dos quase dois meses que tirei de folga no escritorio para terminar minha tese e viajar de ferias. Perdi chances de trabalhar em projetos novos e ainda tive que repassar os que eu era responsavel para alguem dar continuidade por mim. Clientes e construtores nao estao mais me procurando para responder perguntas relativas ao projeto. Quando aconteceu, K me forcou a colocar a ligacao no speaker phone (viva voz?) para que todos pudessem escutar. Aquilo ali me corroeu por dentro. Ora, eu nao teria problema em perguntar a alguem caso eu nao soubesse a resposta. Tambem tive que escutar de K na ultima reuniao, numa voz emocionada, que nao era justo eu ter tirado dois meses de ferias e agora estar querendo “reinvidicar” projetos. E eu que pensava que ela estava sobrecarregada no trabalho… Confesso minha surpresa com tamanha reacao.

Tenho refletido bastante sobre tudo que tem acontecido. Tento interpretar a situacao de todos os angulos possiveis e buscar solucoes. A novidade e’ que K nao tem falado comigo desde que eu corrigi uma planta baixa que ela fez as pressas e que nao estava funcionando. Da para acreditar nessa? Onde fica o trabalho em grupo? Talvez o problema foi que eu disse que daquela forma era melhor. Imagino que ela interpretou que se a MINHA forma e’ melhor, a dela “sucks”… Paciencia.

E’ complicado lidar com personalidades diferentes no ambiente de trabalho, principalmente quando a visao e’ mais de competitividade e nao de crescimento mutuo e espirito de equipe. Imagino que todo mundo deve ter uma estoria parecida para contar... Eu tenho tirado muitas licoes de tudo isso… E’, tem coisas que ninguem encontra em livros, so’ a vida ensina.
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"We can't do much about the length of our lifes, but we can do plenty about its width and depth."
Evan Esar