Sunday, June 26, 2005

As coisas de fora e as de dentro

Antes de escrever me vem aquela sensacao de que tenho duas opcoes: uma de falar de coisas que estao dentro de mim, outra de coisas qeu estao fora de mim. As coisas de fora, posso racionalizar, ser imparcial ou meramente descritiva. Eu poderia ser como a maioria dos blogs masculinos falando de politica, de musica, de cinema, ou de qualquer outro assunto que eu nao exponha meus sentimentos pessoais. As coisas de dentro tem um tom mais intimo, uma cor para cada expressao, um mergulho no meu ser. Ai eu poderia manter a linha dos blogs femininos, da escrita do desabafo, da exposicao de sentimentos e da busca de uma conenecao intima com o leitor. A verdade e’ que eu me sinto numa posicao engracada antes de escrever. Se sou pega em um dia introspectivo, meu texto refletira o momento. Caso contario, busco esse dialogo entre as coisas de fora e as de dentro; me questiono como algo extraido do cotidiano interfere no que sinto agora, ate extrair razao da emocao.

A verdade e’ que quando leio ou assisto noticias de acontecimentos mundiais, algo em mim me faz resistir vir aqui e falar na primeira pessoa. E’ como se contar como foi a ultima apresentacao da minha tese, da surpresa de um aumento de salario, ou do jantar na casa de amigos, nada disso pudesse ser mais importante do que o que meus olhos me informaram na tv e nos jornais. Nos ultimos dias assisti especiais na tv sobre as condicoes de trabalho em Bangladesh, do numero dos deficientes fisicos militares causados pela Guerra do Iraque, sobre os orfaos do Sunami 6 meses apos o desastre, ou mesmo os republicanos fazendo de conta que as condicoes sanitarias de Guantanamo Bay podem esconder as sujeiras que acontecem na ausencia de fiscais. Esses sao apenas pequenos exemplos do que coisas que estao fora de mim, algo que eu poderia agir como reporter e fazer uma abordagem descritiva dos acontecimentos. Contudo, nao sou reporter e meu interesse e’ investigar como as coisas de fora me abalam por dentro. Nao sei em que ponto eu nego o estereotipo feminino de minha forma de escrever…

Falo tudo isso e reflito. Porque me sentir culpada em falar de mim ja que as noticias mundias sempre vao trazer acontecimentos maiores que quaisquer um que aconteca em minha vida? Assim eu teria que me calar para sempre… Perai, em todas as estorias dos noticiarios mundias me foram contadas atraves de uma vida. As reportagens de Bangladesh foi baseada numa unica garota, e atraves dela sentimos a dificuldade de viver trabalhando sem parar 10 horas por dia, ganhando 20 centavos por hora, dormindo num quartinho com 4 pessoas e cozinhando no chao. A mesma coisa em relacao a estoria da orfa do Sunami, do soldado que perdeu a perna na Guerra ou do preso em Guantanamo. A verdade e’ que o todo e’ compreendido atraves de estorias individuais, e ai que existe a coneccao um-a-um com o que esta sendo dito.

Ter lido alguns comentarios no blog de pessoas me dizendo que minhas estorias tem sido incentivadoras para elas tambem correrem atras de seus objetivos e’ realmente muito gratificante. Na realidade e’ bem alem do que eu esperava ter como feedback. Eu achava que ia ser bem mais solitario escrever aqui. Que bom! Dessa forma a vida demonstra-se com um sentido maior, porque de uma forma estranha estamos todos conectados nessa constante troca de umas estorias pessoais inspirando outras e elas entre si.

E’ nessa sinergia que encontro o dialogo entre as coisas de fora com as coisas de dentro… Cada estoria humana conta.

1 Comments:

At June 28, 2005 8:07 AM, Blogger Fernando said...

Oi, Lu
Já tenho visitado seu blog, até já recebi sua visita, e estou linkando essa Arquiteta da Mente Inquieta lá no meu Observador (observador.blogbrasil.com), um blog onde trato de coisas gerais, tipo como você toca nesse seu post, as internas e as externas. Tem coisa séria, tem besteira. Variado, mesmo!
Paralelamente, mas não com a intensidade que eu gostaria, levo meu Arquiteto Comum (arquitetocomum.blogspot.com) Sempre tenho a intenção de ativa-lo mais, mas os trabalhos, as incumbências, atrapalham.
Gostei do seu post do dia! Felizmente, essa quase contradições, também invadem os corações masculinos. Vida, é isso!
Beijos e uma boa semana
fernando cals
ps: a primeira vez que li o nome do seu blog, foi como Arquitetadamente Inquieta. Fará sentido?
fc

 

Post a Comment

<< Home