Sunday, June 12, 2005

Palavras "grandes"

Estava escrevendo esse texto sexta quando fui interrompida com a ligacao de uma amiga chorando para contar que a tia tao querida tinha falecido naquela madrugada... Eu fiquei muda na hora. Coincidentemente o que eu escrevia era relacionado a morte. Muitas coisas aconteceram entre sexta pela manha e agora, meio-dia no domingo. Como os acontecimento que seguiram foram bem mais leves, so agora decidi postar o texto ai abaixo:
Hoje uma pessoa sentada ao meu lado no trem me chamou a atencao: ele lia cuidadosamente a secao obituario do jornal. Talvez conhecesse alguem, talvez por curiosidade. Nao precisou muito para me fazer refletir. Ser lembrada da morte assim, numa situacao tao cotidiana, me deu uma sensacao de vulnerabilidade inconfortavel. Afinal, muitos das pessoas naquela pagina de jornal provavelmente foram “pegos” de surpresa…

Eu sempre tive fascinacao por palavras com um significado tao intenso que supera infinitamente outras palavras. Morte e’ uma dessas palavras cujo interpretacao profunda e complexa diminui a importancia de outras palavras quando a confrontamos. Problemas e morte, preocupacoes e morte, estresse e morte, etc; todas as palavras viram nada frente a presenca do significado da palavra da morte. Mas ai me deu vontade de pensar em outra palavra para gladiar com a palavra “morte”… Hum. Vida? Muito obvio… Prefiro “humanidade”. Duas palavras de significados distintos e de natureza complexa: uma nega tudo relacionado a vida, outra que engloba tudo relacionado a vida humana. A humanidade “vence” a morte quando deixa rastros de vida que podem ser contados de alguma forma. A vida contem a morte que e’ vencida pela humanidade que contem todas as vidas. Entao quanto maior minha coneccao com a humanidade, maior minha falsa sensacao de vencibilidade perante a morte. Quanto mais eu deixar meus “rastros”, mas vai parecer que minha existencia nao foi assim tao inutil para humanidade…

Quando assisto na tv pessoas dedicadas a grandes causa humanitarias, parte de mim quer largar tudo e ir ajudar. Nada de se espantar vindo de uma pessoa que derrama lagrimas assistindo cenas tristes e tragedias no noticiario… A sensacao de ser parte de um contexto maior e’ constante em mim. Sei que me falta poder politico, fama ou qualquer outro requisito que expanda minha influencia sobre uma fracao maior da humanidade. Minha forma de me conectar com a humanidade tem sido ainda silenciosa. Ha tempos percebi que e' atraves de valores universais que posso vivenciar uma real connecao, isto e’, atraves das tais palavras "grandes" mais uma vez: Amor, Etica, Coragem, Igualdade, Fe, Justica, Perserveranca, Bondade… Palavras inspiradoras e que ajudaram a tantas vidas descobrirem suas formas particulares de superar a morte, cada qual tendo as vezes apenas uma dessas palavras a frente de todas as outras. Quanto mais o sentido dessas palavras cresce em mim- o que me une a todos na humanidade-, mais aspectos particulares da minha existencia diminuem em importancia. As vezes percebo que nao e’ sempre que consigo espantar a sombra do egoismo, mas deixar valores maiores guiar minha acoes me traz uma sensacao de prazer quase fisica. Da mesma forma, admiro figuras publicas que conseguem desviar a atencao de suas proprias vidas para a causa que estao engajadas. Digo isso tendo em mente que cada profissao tem uma causa nobre a cumprir; a visao do bem coletivo em cada um e’ que faz determinada funcao superar atos mecanicos e torna-los mais humanos.

Gosto de acreditar que arquitetura sera minha contribuicao para humanidade. Ainda nao sei em que escala e quantas pessoas poderei beneficiar, mas nos meus sonhos o ceu e’ o limite… Talvez arquitetura seja parte dos meus “rastros” apos minha morte. Com sorte terei tempo suficiente antes de ser “pega” de surpresa… Ate la, so' me resta esperar pelas oportunidades. Vou me preparando como posso, cativando tudo de mais belo que as palavras “grandes” contem. Enquanto nao chega a minha forma de beneficiar a humanidade, eu vou me beneficiando do todos os aprendizados que posso absorver dela.

Ser lembrada da morte me faz lembrar da vida…

4 Comments:

At June 13, 2005 11:32 AM, Anonymous Anonymous said...

Li seu comentario no meu Blog e resolvi passar no seu para bisbilhotar! ;)
Alias, mto obrigada pelas observacoes!
Realmente, soh sainda da terrinha eh percebemos a diferenca cultural, principalmente em relacao ao Japao!
Mto sucesso por aih tb!
Bjos, Ana.

P.S.: O cedinha e os acentos ficam por conta da imaginacao!

 
At June 13, 2005 11:33 AM, Anonymous Anonymous said...

Nossa... desculpa os erros de digitacao!
Ai ai...
Bjos, Ana.

 
At June 14, 2005 10:12 AM, Anonymous Anonymous said...

Oi Lu,
Descobri seu blog através de outros blogs. Também sou arquiteta e estou começando a pensar na possibilidade de fazer uma pós nos EUA e tinha pensado em Boston!!!!
Queria te passar um e-mail e não achei no seu blog então se puderes, me escreva.
Beijos,
Pat

 
At June 18, 2005 11:22 AM, Blogger Lu Braga Triplett said...

Patricia, terei o maior prazer em ajuda-la no que me for possivel, ja o fiz inumeras vezes e estou mais que acostumada a responder essas questoes. O probleminha e' que voce me pegou numa fase muito corrida e eu raramente tenho tido tempo de escrever e-mails ate para minha familia e amigos... Esse blog ja foi uma tentativa de manter um contato "comunitario" com o mundo exterior... Se nao for algo que voce esteja com pressa de resolver, voce pode comecar fazendo pesquisas no google em relacao as universidades daqui (BAC, Harvard, MIT, Suffolk, Boston College, Northeastern etc), para moradia pesquise no www.craigslist.com, para mapas de uma olhada no www.mapquest.com e para emprego visite o site da Boston Society of Architects. Iria me ajudar bastante se voce me escrevesse ja com duvidas especificas; ja aconteceu de eu trocar inumeros e-mails com pessoas que depois que souberam dos gastos viram que nao ia dar, e a gente precisa ser realista antes de tudo... Eu passei um ano aqui melhorando meu ingles, estudando para o TOEFL e juntando a grana para pagar pelo menos o primeiro semestre do mestrado (depois que entrei no escritorio a estoria mudou). Voce nao vai querer gastar uns 6 mil do semestre sem estar 100% confiante no seu ingles, verdade?... Nao, nao sou rica, sao os escritorios daqui que pagam bem melhor que no Brasil e eu sempre pude me sustentar financeiramente. Meu ponto e', cada caso e' diferente e se voce ja tiver feito uma pesquisa antes vai ter uma ideia melhor de como encaixar seus projetos e aspiracoes com a realidade daqui. Boa-sorte nas pesquisas e me manda um recado por aqui quando estiver com suas perguntas especificas, indicando seu e-mail e para quando vc precisa das respostas, ok? Pode deixar que eu a procuro assim que estiver podendo! Bjs!

 

Post a Comment

<< Home